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Notícia do Jornal de Notícias 26 de junho de 2019 |
É o retrato de um sistema de Ensino Superior seletivo e estratificado. Com os estudantes oriundos de famílias com níveis de escolaridade mais altos a optarem pelas universidades, em detrimento dos institutos politécnicos. E, dentro das universidades, a dominarem os cursos de Medicina e engenharias. No outro extremo, estão os estudantes das classes mais baixas. A análise é feita pelo EDULOG, da Fundação Belmiro de Azevedo, que tem como coordenador científico Alberto Amaral.
“Pegamos num indicador base: os bolseiros de ação social. Quanto menor for o peso dos bolseiros no total dos estudantes, mais elitista será a instituição de Ensino Superior” (…). Tendo por base ainda outro dado: apesar dos jovens (18 – 24 anos) que não têm um progenitor com formação superior serem 78% da população dessa faixa etária, o certo é que correspondem apenas a 61% dos novos inscritos no Superior. O que nos leva a uma sobrerrepresentação dos estudantes de famílias com formação superior.", alertam os investigadores.
É talvez o melhor exemplo, mas já não é caso único: a Medicina. Constatou-se então que “73,2% dos estudantes de Medicina (Universidade) são filhos de pais com Ensino Superior, ao passo que 73% dos estudantes de Enfermagem e Tecnologias da Saúde (Politécnico) são filhos de pais com qualificações inferiores ao Ensino Superior.
Medicina é, precisamente, dos cursos com menor número de bolseiros, nomeadamente em Lisboa – na Universidade Nova não chegam aos 8% – e no Porto – no ICBAS rondam os 11%. (…)
O cenário repete-se em Engenharia, com 4,92% de bolseiros no curso de Engenharia e Gestão Industrial do Instituto Superior Técnico (o último colocado na 1.ª fase de acesso do ano passado entrou com 16,8 valores). Ou Engenharia Biomédica, com 15,79% de alunos bolseiros na Universidade de Lisboa, valor que sobe para 50% na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Já os estudantes oriundos de famílias com menor formação dominam os cursos de Educação e Ciências Empresariais: 39% e 20% destes alunos, respetivamente, têm pais com formação ao nível do primeiro ciclo do ensino básico.
Distribuição de alunos bolseiros no ensino superior
Percentagem de bolsas por área de ensino e por instituição
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